Memória E.C.

      Babá, um gigante de 1,54m

No final dos anos 50, um espanhol chamado Joaquin chegou ao Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor, como milhares de imigrantes que vieram para o Brasil no período. Alguns dias depois de desembarcar na Cidade Maravilhosa, foi levado por um amigo vascaíno ao Maracanã para assistir a um Vasco x Flamengo. A expectativa do torcedor cruzmaltino era conquistar mais um adepto para o clube de São Januário. Mas o recém-chegado fiquei impressionado com a atuação de um jogador rubro-negro, que o fez virar flamenguista para sempre. Exatamente o menor em campo: o ponta-esquerda Babá, que deu um baile nos defensores adversários, bem maiores que ele. Ele dizia ter 1,56m. Mas sua altura oficial seria 1,54m.
Como fez com aquele imigrante, Babá encantou milhares de torcedores do Flamengo nos anos 50 e 60. Que ficaram tristes nesta quinta-feira com a notícia da morte do ex-jogador, que faleceu aos 75 anos no Hospital Geral de Fortaleza, após não resistir a uma cirurgia no coração. O sepultamento ocorreu na tarde desta quinta no município de Caucaia (Ceará), onde morava.
Mário Braga Gadelha nasceu em 24 de abril de 1934 em Aracati (CE) e iniciou a carreira profissional no Ceará. Depois, foi treinar no Sport. Na Ilha do Retiro, ganhou o apelido pelo qual ficaria nacionalmente conhecido.Apesar da pequena estatura, infernizava os zagueiros. E chamou a atenção da direção do Flamengo, que o contratou em 1954. Após quatro anos na reserva, virou titular da ponta-esquerda com a transferência de Zagallo para o Botafogo. E passou a integrar um ataque que fez história na Gávea: Joel, Moacir, Henrique, Dida e Babá. Em 62, com a saída de Moacir para o River Plate, Gérson entrou no quinteto (na foto, da esquerda para a direita: Gerson, Henrique, Dida – em cima – Joel e Babá). O atacante disputou 308 partidas pelo Flamengo e marcou 89 gols. Foi campeão carioca em 54 e 55. Seus duelos contra adversários muito maiores e bem mais fortes entraram para a história do futebol carioca. Casos dos ‘gigantes’ Bellini (Vasco) e Pinheiro (Fluminense). Reza a lenda que em um Fla-Flu, o pequenino atacante teria aplicado um drible da vaca no zagueiro tricolor e passado por entre as pernas do rival.
Na seleção brasileira, enfrentou a concorrência de pontas de renome como o próprio Zagallo, além de Pepe e Canhoteiro. Só teve a oportunidade de disputar uma partida oficial pelo selecionado: o amistoso contra o Paraguai em 29 de junho de 1961. Com um ataque quase exclusivamente do Flamengo – com Joel, Dida, Henrique e Babá (a exceção era o palmeirense Chinesinho), o Brasil venceu por 3 a 2 (gols dos rubro-negros Joel, Dida e Henrique).
Ficou na Gávea até fevereiro de 1962, quando foi atuar no Unam (México). Em 1968, aos 34 anos, voltou à terra natal para encerrar a carreira no Ceará.
 Mas apesar do afastamento dos gramados, deixou suas atuações registradas na memória de milhares de torcedores. Que não esquecem a habilidade e ousadia daquele ‘baixinho’.

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